SANGUE DE BUGRE

Antes se ouvia o velho Pajé
Falando com muito carinho
Agora só podemos obter
As lamúrias de um curumim.

Curumim só no sangue
Mas morrendo de saudade
Contendo um Bugre dentro de si
Clamando por liberdade.

Liberdade turbulenta
Sem perspectiva para se acalmar
Têm muitas tribos desfeitas
Seus habitantes, não têm onde morar.

Moravam livres e felizes
Com a pescaria e a caçada
Em suas aldeias festivas
A cultura era preservada.

Preservavam a mata Atlântica
Respeitando, do sertão ao litoral.
Vivendo livres em harmonia
Até a chegada do “Cabral”.

Cabral que modificou a rotina
Obrigando-os a trabalhar
E estudar em uma escola
Conhecida como ensino regular.

Regulamentando as suas vidas
De forma bem radical
Obrigando-os, a imitar os Caraíbas.
Desprezando o idioma natural.

Naturalmente eles viviam aqui
Antes daquela invasão
Que distribuiu o medo nas aldeias.
Todos os esforços foram em vão.

Invadiram suas terras
Sem a menor consideração
Em nome de um progresso
Quase se extingue uma nação.



Nação que ao longo dos tempos
Ocorreu alguma evolução
Tendo entre seus remanescentes
Apresentador de televisão.

Televisão esta, subordinada.
Vive escondendo a verdade
Teve Cacique que foi morto
Pelas próprias autoridades.

Autoridades que vivem dizendo:
- “Agora as coisas vão melhorar”!
Mas, dentre as famílias sem teto.
Existe um índio Caiabi sem lar.